sábado, 15 de agosto de 2009

Satisfação em construir

Pleno sábado. Havia acabado a água do bebedouro da igreja. Não me considero como pertencente a nenhuma religião. Até porque consigo sentir a transcendencia\imanencia em todas elas. Mas não vi muita gente por perto. Alguns estavam morrendo de sede. Então uma moça foi até a padaria para comprar água. Eu a acompanhei. Chegando lá conferi o preço do galão de água. A moça do balcão dizia que para levar o galão eu deveria trazer o vazio para fazer a troca. Bem, descontando a ladeira parecia uma tarefa legal. Subi, peguei o galão vazio e fui até a padaria. Chegando lá o galão era de 20 litros. Peguei ele, ou melhor, agarrei o pobre galão. Olhei para o alto e falei, bem, mais um passo, mais um, pausa nos passos, seguro de outro modo, opa, pequeno desequilibrio. Ergo a cabeça e digo, posso chegar lá em cima, mesmo com o peso do objeto, com a gravidade, com a terrivel inclinação daquela rua, apesar de todos os contras. Fui indo, indo, pois eu não queria ser e nem me entregar ás adversidades, precisava levar ao fim a tarefa, e quando vi estava ás portas da igreja. Meus braços doiam. Mas no caminho eu dizia - eu posso fazer, eu posso chegar, por mais pesado que seja, por maiores que ficassem as dores carregando 20 litros numa subida chata. Eu não havia chegado no meu limite, embora os braços reclamassem. Por fim cheguei ao destino. Chegando lá, um colega e eu tentamos abrir a tal embalagem. Coloquei o galão aberto no bebedouro e disse - missão cumprida. Porém reparei que os copos descartavéis se acabaram. Fui reclamar isso ao meu colega da igreja. Um homem que estava próximo pegou e disse, tome esse dinheiro e compre os copos. Fui até lá a padaria feliz da vida, pois sentia que havia ali uma construção conjunta de algo simples, mas belo, a satisfação de servir em conjunto. Cada um vai fazendo um pequeno ajuste conforme suas possibilidades e juntos fazemos reparos e construções. Comprei os copos, subi novamente e dei o troco para o rapaz. E como eu fiquei feliz ao ver que, com um trabalho em trio, saciamos a sede dos cantores, dos jovens, dos mais experientes, dos pregadores, de dezenas de pessoas.... a satisfação não está em servir esta ou aquela instituição, mas de fazer coisas que sejam úteis aos outros seres humanos, por menores que pareçam essas ações. E nisso está a beleza do servir, e da humildade que isso gera. O ego sofre um duro golpe ao se ver rebaixado para servir, sem esperar elogios ou tapas nas costas. É o servir para fazer sorrir.E a sensação de que ganhei meu dia fazendo isso.


Lembrei desse video




''cada homem simples, traz no coração um sonho
com amor e humildade poderá construir
se com fé vc souber, viver humildemente
mais feliz você será, ainda que sem nada,
uma pedra depois da outra vai chegar mais alto
e as alegrias simples, sao as mais belas,
sao aquelas que de fato, sao as maiores''

(Eu acho que essa música se chama '' San Damiano song, interpretada por Donovan)

Um comentário:

  1. ...que encanto de canto!

    com certeza entrei na casa de
    uma alma linda...

    Namastê!

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